17
Fev20
Transplante renal
Mónica Lice
O texto abaixo foi publicado na sexta, no meu Instagram (@monicalice), mas como muitas de vós não me seguem por lá, achei que vos devia a publicação, também por aqui...
Hoje celebra-se o Dia dos Namorados e também o dia em que fui pedida em casamento, depois de um jantar desastroso, algures em Bissau, em que ele insistiu que ficássemos em casa, contrariando o meu desejo de jantar fora. O jantar estava péssimo (e atenção que sou boa cozinheira), mas o que viria a seguir compensou tudo...
Mas hoje é também o dia em que, em 15 anos, ele não dormirá a meu lado, mas sim numa cama de hospital.
Doente renal crónico desde que o conheço (foi uma das primeiras coisas que me contou sobre si, ainda mal nos conhecíamos, como forma de me por à prova e perceber se estaria à altura para o que viria dali a uns anos), faz hemodiálise há cerca de 5 anos.
Há 5 anos, estava então grávida da Laura, que passamos 3 finais de dia e noite afastados, 3 dias em que visto a pele de “mãe solteira”, enquanto “o pai foi ao senhor doutor”.
Esta semana, depois de muitos anos de espera, chegou o desejado telefonema. Havia um rim para ele, no Curry Cabral. Um rim! Um rim há muito desejado, um órgão tão pequeno, mas capaz de mudar tudo, a começar pela nossa vida e pela sua saúde.
O transplante fez-se, num misto de emoção e esperança de que tudo corresse bem. Mas não correu...
O rim não respondeu como estávamos à espera, e, no dia seguinte, tiveram que o operar de emergência para o retirar.
E ele, o meu herói de sempre, está o mais bem disposto de todos, a fintar a sorte e o destino com muita calma e um sorriso no rosto.
Decidir revelar-vos isto, não como lamento, mas como forma de perceberem que, deste lado, não há vidas perfeitas, mas nem por isso somos menos felizes ou gratos pelo que a vida nos dá.
Fi-lo também para que percebam a causa do silêncio dos últimos dias. A Mónica de terça não é a mesma Mónica que hoje vos escreve. É uma Mónica mais crescida, mais adulta, que tem feito equilibrismo para conseguir fazer o trabalho que ele fazia no nosso negócio, para manter a normalidade possível com as nossas filhas e nunca deixar de sorrir para ele.
B., hoje digo ao mundo que te amo, por aqui. E que estou pronta para outro telefonema e para passarmos por todo este processo juntos, outra vez.
Há 5 anos, estava então grávida da Laura, que passamos 3 finais de dia e noite afastados, 3 dias em que visto a pele de “mãe solteira”, enquanto “o pai foi ao senhor doutor”.
Esta semana, depois de muitos anos de espera, chegou o desejado telefonema. Havia um rim para ele, no Curry Cabral. Um rim! Um rim há muito desejado, um órgão tão pequeno, mas capaz de mudar tudo, a começar pela nossa vida e pela sua saúde.
O transplante fez-se, num misto de emoção e esperança de que tudo corresse bem. Mas não correu...
O rim não respondeu como estávamos à espera, e, no dia seguinte, tiveram que o operar de emergência para o retirar.
E ele, o meu herói de sempre, está o mais bem disposto de todos, a fintar a sorte e o destino com muita calma e um sorriso no rosto.
Decidir revelar-vos isto, não como lamento, mas como forma de perceberem que, deste lado, não há vidas perfeitas, mas nem por isso somos menos felizes ou gratos pelo que a vida nos dá.
Fi-lo também para que percebam a causa do silêncio dos últimos dias. A Mónica de terça não é a mesma Mónica que hoje vos escreve. É uma Mónica mais crescida, mais adulta, que tem feito equilibrismo para conseguir fazer o trabalho que ele fazia no nosso negócio, para manter a normalidade possível com as nossas filhas e nunca deixar de sorrir para ele.
B., hoje digo ao mundo que te amo, por aqui. E que estou pronta para outro telefonema e para passarmos por todo este processo juntos, outra vez.